Estado da TV #1
Seja bem-vindo à minha primeira crónica de opinião no Propagandista Social. Semanalmente estarei aqui para comentar a actualidade da nossa indústria televisiva. Conto consigo!
Desgaste em Queluz
Durante os últimos anos muitos vaticinaram que este dia chegaria. O dia em que as telenovelas da TVI perderiam a capacidade de persuadir os telespectadores durante três horas consecutivas noite após noite. Pois bem, a julgar pelas audiências das últimas semanas esse dia está mais perto do que nunca. Já é evidente que o problema da TVI passou de circunstancial para estrutural e que a sua ficção deixou de ser o garante de audiências que era até recentemente. Um dos sinais mais claros da crescente indiferença dos telespectadores face às telenovelas da TVI prende-se com as baixas audiências das estreias das últimas produções. A média das estreias das três novelas que estão no ar actualmente fica-se apenas pelos 14.9% de audiência média e 37.9% de quota de mercado, muito longe dos 19% e 45.9% que registaram as estreias das telenovelas em 2009, último ano de José Eduardo Moniz nos comandos da estação de Queluz.
Estes números traduzem inequivocamente o facto dos telespectadores terem perdido o interesse e a curiosidade em ver pelo menos os episódios de estreia das produções de Queluz. E porque será que isto acontece? A resposta mais lógica está no desgaste do modelo das três novelas em horário nobre instituído por Moniz. São tantas e muitas vezes tão parecidas que grande parte dos Portugueses já assume (algumas vezes injustamente) que quando estreia uma novela da TVI vem aí apenas “mais do mesmo”. Não é de estranhar portanto que na estação já se fale em reduzir o número de telenovelas em prime time para apenas duas e em apostar noutros géneros de ficção. Os telespectadores já deram o sinal que é esse o caminho a seguir.
A grande dúvida é se a TVI vai conseguir alterar o modelo da sua programação sem perder a liderança para uma SIC cada vez mais arrojada e determinada em criar bases mais sólidas no entretenimento e na ficção. Coragem para mudar e visão a longo prazo são qualidades que vão ser necessárias em Queluz de Baixo.
Filipe Vultos
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